11 de fevereiro de 2015

O Começo



Brenno Ferraz 




"2015 seja de luz e de água, de paz e de mudança." 
                                                        Brenno Ferraz de Albuquerque  


Não era esperado tal cenário no primeiro mês do governo Dilma. Já havia postado vários relatos de amigos jornalistas e especialistas em política e economia durante a campanha eleitoral de que o ano de 2015 seria "complicado", e que o "crescimento económico daria uma trégua, independente de quem fosse tomar posse no 1º de janeiro".  
O que está acontecendo vai muito alem do que imaginávamos. Dilma fez promessas das quais estão sendo ceifadas por determinação dela mesma e, segundo a presidente, até ela se encontra "assustada" (conforme reportagem do caderno Poder da Folha de São Paulo do dia 11/02/2015) com as promessas feitas que estão gerando desconforto no partido dela (PT) e de aliados (por exemplo: PMDB). 
Que o dólar iria se valorizar, sabíamos, que a produção de veículos iria estagnar, sabíamos, que  haveria um possível racionamento de água, também sabíamos. Não tínhamos consciência, e nem era para termos naquele momento que o dólar iria bater recorde, que haveria demissão em massa nas fabricas de veículos, que além do racionamento de água, haveria de energia elétrica com reajustes estratosféricos nas tarifas de ambas, que iria cortar benefícios adquiridos há anos pelos trabalhadores, tal como reajuste de período trabalhado para resgatar o seguro desemprego, que cortaria bilhões que seriam destinados à educação, e que o escândalo da Petrobras chegaria em um nível tão baixo tal como se encontra.  
Após tomar posse Dilma ficou 27 dias sem aparecer, apenas mandava "recado" através da assessoria de comunicação do Planalto. Quando apareceu, disse poucas palavras resumindo que o Brasil estaria passando por uma reforma e aprontando a imprensa disse ainda que "o PT é alvo mas que estaria tranquila quanto suas decisões". Essa semana foi divulgado uma pesquisa realizada pelo DataFolha em que mostra o arrependimento do cidadão que votou em Dilma. Segundo pesquisa a popularidade da presidente caiu e se encontra mais de 44% como ruim/péssimo enquanto somente 23% dos entrevistados consideram ótimo/bom.  Com tamanho desfalque Dilma já pensa em novo pronunciamento na TV logo após o carnaval para detalhar medidas que o governo têm adotado para combater a corrupção, essa que está em toda as capas dos principais jornais do Brasil e do mundo todos dos dias, principalmente tratando-se da Petrobras.  
Diversos grupos em redes sociais já marcaram data para manifestação com o intuito de tirar Dilma da presidência, sendo a alegação mais forte a corrupção. Ato está marcado para dia 15 de março. Já estão confirmadas as capitais de SP, MG, RJ, SC e DF.  
O governo também amarga duas derrotas no legislativos, na Câmara perdeu para o, não declarado oficialmente, oposicionista Deputado Eduardo Cunha (PMDB- RJ), que venceu as eleições para presidente da Câmara e já criou uma CPI para desdobrar a operação Lava Jato. Outra derrota oficial é a votação da reforma política já marcada para março, aprovada ontem pelo Senado. Apesar de uma vitória, reelegendo Renan Calheiros  (PMDB - AL), o mesmo foi citado como um dos "trambiqueiros" na operação Lava Jato, e é claro que negou tudo.  Com esse pacote mais uma vez o governo Dilma é visto com más olhos pelos eleitores.  
A inflação está inchada e pode a qualquer momento explodir. Além dos reajustes na tarifa de energia e água, o governo também reajustou o etanol, causando assim um boom no preço da gasolina, com a seca o preço do sacolão (frutas, verduras, legumes) também subiu, além disso todos os produtos derivados do leite sofreram reajustes. Apensar do reajuste do salário mínimo não são todos os trabalhadores que tiveram aumento no salário, com isso o consumidor está mais apreensivo, comprando menos, e mais endividado. Os impostos não param de subir, o BC (Banco Cental) já anunciou nova taxa SELIC e os bancos anunciaram reajuste no cheque especial, juros devem ficar na faixa dos 12,5% e crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) deve ser de zero. Para inflação, estima-se 7,15%.   
Esperávamos um ano ruim, estávamos enganados, 2015 será um ano decisivo para o país, ou o governo muda o modo de governar ou voltaremos aos anos 80, quando a inflação chegava a 100% ao dia e quando nossa moeda era tão desvalorizada que precisamos de Cz$1000 para comprar um pãozinho de sal.