
"A ostra, para fazer uma pérola, precisa ter dentro de si um grão de areia que a faça sofrer. Sofrendo, a ostra diz para si mesma: “preciso envolver essa areia pontuada que me machuca com uma esfera lisa que lhe tire pontas…” outras felizes não fazem pérolas… Pessoas felizes não sentem a necessidade de criar. O ato criador seja na ciência ou na arte, surge sempre de uma dor. Não é preciso que seja uma dor doída… Por vezes a dor aparece como aquela coisa que tem o nome de curiosidade. Este livro está cheio de areias pontudas que me machucaram. Para me livrar da dor, escrevi.”
PérolasHá quatro anos quando fui à cidade de Porto Alegre (RS), Brasil, num show com mais de 300 mil pessoas a pessoa que estava no comando do palco após uma linda música cantada, falando do doar do coração à pessoa amada, do desejo da felicidade ao doar-se totalmente à esse amor, e uma linda história de amor foi cantada, após esse ápice do show, que ao meu ver foi um dos pontos altos e mais quentes de uma noite fria de inverno ao redor do Rio Guaíba, houve uma pausa para se falar sobre a pérola.
Sim, isso mesmo, sobre a formação da pérola, uma jóia que de geração a geração não perde seu valor. Como ela é formada, antes de ser tão bela; tão linda e fina. Quem a forma, como é esse processo.
Pois bem, a ostra, um ser vivo marinho, precisa ter dentro de si um grão de areia. Para ela é muito difícil conviver com esse grão, imagine você conviver com um grão de areia em seus olhos, sua visão embaçada, produzindo muitas glândulas, lágrimas, inchando seus olhos, trazendo vários transtornos. Um insuportável incomodo, pois bem, a ostra passa por esse processo com o grão dentro de si. Esse que a incomoda, irritando-a. Deixando-a muito incomodada. Com tudo ela aprende a conviver com esse grão.
Assim é conosco, em meio ás dificuldades, em meio às tantas frustrações, tantas são as tentativas para que os sonhos dêem certo, para que os planos se realizem. E quão também são as decepções que enfrentamos em nosso dia a dia, sejam com familiares, amigos, amores, com nós mesmos.
Sem as dores, os choros, as frustrações, tristeza, não há perolas.
As pérolas são jóias raras, e a cada ano que se passa ficam mais raras encontrá-las puras, vindas do oceano.
Por muitas vezes pensamos em desistir, não suportamos os grãos de areias, que nos incomodam, deixando-nos transtornados várias vezes, até mesmo perdemos a esperança de um dia aquele grão sair, parecendo assim um tumor, sem cura.
Quando trabalhamos para que aquele grão, aparentemente muito difícil de ser tratado, deixe de ser uma acomodação e se torne algo suportável, estamos um passo para se tornarem uma pérola. Um exemplo claro é quando trabalhamos com alguém que nos incomoda muito e formamos estratégias para que aquele convívio não atrapalhe com nosso trabalho e emprego, pois não é sempre que temos a autoridade de livrar-nos da pessoa, uma vez que não somos donos ou/e chefes do setor.
Há formas para tratarmos o grão de areia, a situação vivida naquele momento. Alguns usam as músicas, as artes para se expressar assim, trabalhando para que o grão se torne a sua pérolas, outros, no entanto se abatem, não sabem como agir.
Em nossa vida, jornada que não sabemos como será, mesmo quando planejamos, estamos sujeitos a infinitos grãos de areia e algumas pessoas deixam juntar, tornando um pequeno deserto em sua vida, algo oco, seco, vazio, não se expõem, tem medo.
Para essas eu proponho parar, sim, pare de fazer todas as coisas rotineiras, fique em silêncio, um momento só seu, se achar melhor, feche os olhos, ouça o vácuo, pense nas demais coisas que lhe faz feliz, traga à memória aquilo que lhe dá esperança. Não se limite, ouse, vá onde você achou que não poderia ir, nada de compara ao que você pode fazer à ti mesmo, não há ninguém, médicos, especialistas, psicologia ou doutores de auto-ajuda que pode fazer de seu grão uma perola, é você mesmo, tu, somente você, poderá transformar toda a dor, toda frustração, o deserto, tu podes mudar o teu pranto em festa, em lugar da tristeza, dupla alegria.
Sem o grão de areia, tu não poderias criar a tão bela perola que tens em mãos, essa valiosa jóia que fez você crescer, ver o mundo de forma diferente, ousar mais uma vez, ir a lugares cujo preconceito não deixava ir, fazer o que muitos acham ser errado, feio, mas ao invés de falar, julgar, você foi lá, fez.
Mais que se orgulhar de si mesmo, os choros, as noites mal dormidas, o tempo que acreditou um dia ter perdido, hoje é uma jóia, uma pérola.
Aos poucos vamos juntando uma a uma, perola por perola, formando um valioso colar de pérolas, essas que contam nossa história, que nos fez ser o que somos o colar representam a nossa história e cada uma delas separadas um momento único de nossas vidas.
Estou dia após dia, formando o meu colar, transformando, mesmo com muitas dificuldades, mas com perseverança, os grãos de areia em pérolas.
Assim desejo a você também, um lindo e valioso colar de pérolas.