8 de julho de 2008

Perfil


...e continuamos vivendo.

Embora você queira que eu escreva que esteja ansioso e que tenha mil planos para desenvolvimento de projetos e teorias cientificas e para que estes dêem certos, eu não farei isso.

O que sinto agora é medo.

Não sei explicar, é como se meus dias se prolongasse e que cada hora fosse uma eternidade, é como viver em torno de ilusões e querer ser forte quando se é fraco. Medo de ver que vivo no escuro, esperando apenas o momento para que eu seja flagrado com as mãos sobre a cabeça e dedos entrelaçados, pés forjados numa sandália de couro marrom, frios e sujos; flagrado com medo dos olhos que vêem para atingir-me das incertezas, incapacidades de não querer envolver-me com tamanha guerra entre o coração e a razão.

Quando escrevi “A ESPERANÇA”* em novembro de 2006 estava envolvido no mais profundo dos oceanos e entrelaçado pela perfeição dos mares. Ali me afoguei e quase morri, e mesmo assim acreditei que havia uma esperança e que alguém iria aparecer para salvar-me de tamanha frustração.

Perdido, desamparado, nu, com olhos vendados pela insegurança do amanhecer. Tenho dormindo pouco, pensando como será lá fora, o dia em que tudo se esclarecer, que o nublado for embora e o sol aparecer para iluminar a escuridão dos dias atuais.

Muitas pessoas estão passando pelo que estou passando, estão perdidas, desacreditadas, com medo e se perguntam “será que o mundo irá me aceitar assim, como sou?”

Vivemos para que eles nos aceitem, pessoas que nunca vimos, ouvimos, tivemos contatos, esbarram em nossos ombros ao meio da multidão desesperada pela sobrevivência. Tanto ouvi falar “Lá fora, é cada um querendo COMER o outro.” Isso me deixou astuto, atento, observador mas não destemido, porque se há algo que nos faz ter medo é a incerteza se seremos alguém que venceu, tem como premio uma vida glamorosa de riquezas materiais e familiar, mesmo que esta ultima seja de aparência.

Pois assim diz o ditado, famoso ditado popular, “o que os olhos não vêem o coração não sente, e o que eles vêem falam mais que palavras.” E vivemos em torno de misérias, de espírito, de vontades próprias, de amores verdadeiros, se é que esses existem, de verdades e esperança.

Às vezes creio que viver de verdade é viver de ilusões, sofre-se menos e vive-se mais, de mentiras, pois a verdade é árdua, faz tremer a terra árida e nascerem cactos que nos fere com seus espinhos grandes e pontudos. Acreditar que tudo é cor-de-rosa, não para os homens, porque homem que é homem não gosta de rosa, para eles azul marinho, cor forte, pois são másculos e imponentes, esses o mundo é feito de testosterona e as mulheres vieram para aderi-las e aceita-las sem objeções.

E ao longo dos anos vamos evoluindo, na desigualdade, no machismo aguçado, no capitalismo que é o verdadeiro militarismo autoritário, nas ditaduras do consumo ilimitado e do quem tem mais vale mais e quem tem menos vale nada. Alguns vivem para a religião ou para a perdição, uns preferem as drogas e outros o ioga, e entre tantas preferências e tantos mundos diferentes, dentre tantos medos e desafios, na esperança ou falta dela, no amor ou na dor da ilusão, entre tantos preconceitos e aceitos, erros e acertos, todos nós continuamos vivendo, seja assim ou asado, tímido ou engraçado, alto ou baixo, no norte ou no sul, no fundo ou no raso vivendo dentre tantos desembaraços e constantemente á procura do saber viver até que venha o dia em que tudo isso vire lembrança no espaço e sejamos lembrados por um dia termos passados e deixado marcado um pouco do que vivemos para os que vivem.

*A esperança – Texto que fiz em novembro de 2006 quando estava sentindo-me abandonado e havias muitos “talvez” em meus caminhos.

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