17 de março de 2009

Cura


Em meio ao silêncio da noite, guerras internas, traições da alma, conflitos fulminantes, palavras torpes, ódio, amores, mentiras, protestos, derrotas.

As nuvens aparecem trazendo frieza, nobreza, ventanias, agitação das ondas que tentam atravessar as rochas, relâmpagos fortes, reluzentes, barulhos estrondosos, morte.

Fria, escorregadia,impura, de face maltratada pelo desprezo, engano, pelas desonras, espalhas sobre o rosto pálido, nu, frio, as lagrimas correm, o coração apedrejado, machucado, doente, o tumor que tomou conta do corpo, ressequido, oco, maltratado pelo destino.

Momento de solidão, de rejeição, exílio, morte.

Deixar pra trás aquele que amou com todas as forças do pensamento, com a coragem de um guerreiro, com as marcas da rejeição, com a forme, com a sede, aquele que enfrentaria o mundo para dá-lhe vida, aquele que morreria se necessário para que o fôlego nunca acabasse em seus pulmões cheios de ar obscuro, o débil que nasceu da rapariga, mãe da besta fera chamada erva, venenosa, bela, perigosa, conquistadora, fútil, inteligente, erva daninha, que entrou em meu coração, não poupou espaço, traçou-me por inteiro, maligna e traiçoeira, maldita hora que lhe conheci, praga infernal que destruiu minha vida.

Após procurar a cura, andar pelos vales da sombra da morte, de me passar como louco, de rejeitar o que era cura, eu me vi sozinho, nu em noites frias do deserto, você sorria como louca desvairada, maldita, eu sofrendo e você rindo de minhas angustias.

Agora quem fala mais alto sou eu, que dita as regras, quem faz você sofrer, quem ver a tua face em prantos, seu rosto frio como a de um inverno eterno, quem lhe faz de idiota, manipula e até brinca de pobre menino arrependido; sou eu.

O jogo virou a meu favor, a vingança é doce como o mel, fria como o gelo, amarga como fel, quente como sol, é a vida após a morte, a alegria, após tristeza.

A cura, ah! A cura..tão perto de mim o tempo todo, era só eu fazer o seu jogo, o xeque-mate, simples não? Arranquei o tumor com as unhas, rasguei as raízes com os dentes, amordacei e cuspi o veneno em seu rosto, paixão insana, agora sinta o gostinho de seu próprio veneno, e fuja se puder para que ele não rasque-a em minha frente e saia de ti os tumores que atormentam dia após dia.

Livre estou da paixão, que um dia me fez desprezado, desonrado e incapaz de amar a mim mesmo assim como sou, racional.

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