
Este fim de semana fiz algo de acordo com o meu coração. Na sexta-feira eu cheguei a pensar em viajar para o aniversário de minha bisavó, pessoa que vai além de minha admiração e não há palavras para expressar o quanto a amo.
Em meio as diversas circunstâncias eu pensei em não ir à comemoração, em principio pode parecer algo banal, mas para mim seria importante ir pois havia anos que não a via e por saber que a idade já é avançada ficaria muito sentido caso eu não pudesse nunca mais vê-la pessoalmente. Sou responsável, cumpro meus compromissos, tenho lealdade às pessoas das quais depositam confiança em meu trabalho, em minha pessoa. Sou competente e faço o possível para que minha agenda seja totalmente cumprida, mas neste sábado, pela manhã, algo maior tomou conta de mim, algo que não sei ao certo explicar, muito forte, grande, alto, envolvente, peguei poucas peças de roupas, algum dinheiro que tinha em casa e fui para o terminal rodoviário sem passagem, faltando apenas trinta minutos para a partida do ônibus do qual me levaria ao encontro de minha família tão amada, por parte paterna, peguei o primeiro taxi que vi e pedi logo para que o motorista corresse o máximo possível, pois não queria perder a viajem, telefonei para minha mãe e disse que estava a caminho da rodoviária e que iria viajar oito horas e meia para ver quem amo, abraçar e dizer baixinho o quanto importante é para mim e que meu amor era incondicional independente de diferenças com a família, de pensamentos divergentes, de desavenças, mágoas, eu estava ali por algo maior do que tudo isso.
Ao longo da viajem já á caminho, sentia algo apertando meu coração, como seria a aceitação, será que após alguns anos eles seriam os mesmos e como me veriam, seria aceito? Foram muitos questionamentos, ao ponto de chegar a hora de eu querer sair correndo para fora do veículo e voltar para trás. Quando eu desci e caminhava em direção da casa não via mais nada em minha frente, deixei a mala na área, e me esqueci de tudo e de todos ao meu redor, fui em direção a sala de estar, eu a vi, abracei e disse o que estava sentindo na hora, o quanto era honrado por participar daquela data e mais, ser de sua família, e que nada poderia apagar o amor e tenho por ela e por toda a família.
Foi uma surpresa para todos, viajem mais de 500 km para voltar no outro dia não só para o aniversário de 90 anos da pessoa que é a mais velha da família, mas para quebrar as diferenças que haviam ainda entre eu e eles, pequenas diferenças que se tornaram algo grande sem necessidade, dores e perdas, traições, quebras de alianças, nada disso foi mais forte que o amo e o laço que temos um aos outros.
Foram dois dias para ficarem na história, não tenho palavras para expressar o quanto significou tudo para mim, ver meus avós, tios, tias, primos, primas, amigos, pessoas que fazem parte de minha história, que me viram crescer e acompanharam um pouco mesmo de longe minha trajetória.
Voltei. Como se eu tivesse fugido para bem longe, onde só havia rancor, escuridão, depressão, maldições, e ao voltar eu rompi todas essas coisas e olhei além das mágoas, da culpa, das mentiras, olhei para o coração o centro que mesmo inconsciente me fez ir além, onde ainda não havia conhecimento que existia, o amor de minha família vai além de todos os erros seja por minha parte ou não.
Meu coração está em gozo, toda a terra infrutífera, toda semente podre foram tiradas e hoje há uma nova terra, que vai dá bons frutos, o primeiro começou num simples gesto de afeto, de amor, um abraço de uma geração vivida, sem estudos de graduação acadêmica, sem entendimento sócio-político ou cultural, mas de conhecimento de vida, com a nova geração, graduada, que pensa que entende algo sobre o mundo, mas que tem muito o que aprender e viver, através desse laço uma outra nova geração vem com mais força, com um vinculo que nem a morte pode separar, o amor verdadeiro de uma família que mesmo em meio a diversidades não desiste dos sonhos, e que não se separa, seja pelo pensamento, seja pelas mãos, somos um no coração. Amo todos vocês.
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